19.9.20

Yoga e os Pensamentos

“Yoga Chitta Vritti Nirodah” 
Yoga Sutra 1.2 Patanjali

Este é o Aforismo clássico dos Yoga Sutras de Patanjali que define o Yoga . Muitas vezes lemos Em alguma tradução afirmando que “yoga é o controle da mente”, ou outra “yoga é a supressão dos turbilhões da mente”, ou “Yoga é suprimir a atividade da Mente”. Lemos até mesmo que “yoga é esvaziar a Mente”.
Pretendo não entrar numa consideração acadêmica sobre qual definição é a mais próxima de estar correta. Longe disto. Gostaria de considerar a relação que há entre o Yoga e os pensamentos para nós, praticantes comuns  que trabalham, estudam, têm suas famílias e problemas do cotidiano.
A primeira questão a abordar é a de que o controle da mente, a princípio, não significa que não possamos errar, ou ter pensamentos que não sejam adequados  e que temos de evitar a todo custo as ervas daninhas dos pensamentos negativos.  O primeiro e grande passo é Observar a mente e os pensamentos. Vigiar a mente, estar atento. Observar o que acontece . É o desenvolvimento da Atenção interior dirigida aos nossos pensamentos.
Começamos o processo do Distanciamento entre nós – a Consciência – e os Pensamentos.
Outro  passo é a qualificação entre eles. O que eu Sinto com este ou aquele pensamento?  Ele me faz sentir-me bem? O corpo costuma responder na hora à manifestação do pensamento. Ele pode se contrair, se expandir, relaxar etc.  Há também uma sensação na profundidade do Ser que você Sabe se te faz bem ou não tal pensamento.
Então, começamos a perceber um pensamento e os efeitos deste em nosso Ser.
A seguir, começamos o processo da escolha de onde colocarmos nossa Atenção para firmarmos  ou não um pensamento.  Aos poucos e em alguns momentos começamos a colher o fruto da escolha em relação ao que pensamos.  É como dirigir um veículo. Cometemos barbeiragens e a habilidade somente ocorre com a prática  e nunca com a simples leitura de algum bom texto – que ajuda sim, mas para por aí.
Pensamentos  são apenas palavras enfileiradas que  desfilam pelo palco de nossa mente. Por si só, não tem nenhum significado – nenhum poder.  Nós é que damos a ele significado e consequentemente poder. E mais, nós geralmente – de maneira inconsciente, escolhemos o significado que damos aos pensamentos.
O problema está em dar significado e por muitas vezes acreditar nos pensamentos.
Certa ocasião, em uma reunião em uma Universidade, éramos 5 pessoas conversando amigavelmente. Um professor de Antropologia disse: Lampião foi um personagem importante culturalmente para o seu tempo e discorreu um pouco sobre isto. Eu fiquei a observar bem atentamente as pessoas. Ele sentia-se muito bem ao falar o que falou. Outra pessoa, no entanto, parecia estar bastante desconfortável com o tema e deu sua opinião da catástrofe que foi o movimento e o quanto feriu famílias por onde o bando passou. Outro disse, de maneira bem racional que nada daquilo teria o corrido se o padre Cícero (monarquista) não tivesse fornecido armamento para lampião a pretexto de combater a Coluna Prestes e lampião ter fugido para o sertão. Entre estas e outras percebi um festival de sensações e emoções por todos os lados e por vezes fundamentadas de maneira calorosa e emocional.
O que quero dizer com isto é que o fato foi o que foi e que cada um de nós é que damos o significado a ele. Percebi pessoas incomodadas mesmo estando em silêncio.
Esta é uma situação que ocorre em muitas ocasiões no dia-a-dia. Considere agora, quantas destas discussões ocorrem em nosso campo mental. Quando começamos a observar os pensamentos percebemos por muitas e muitas vezes que entramos em combates mentais.
Mesmo que isto não seja “real”, não esteja acontecendo ali, na hora, nós estressamos, secretamos hormônios do estresse como adrenalina ou cortisona  e ficamos tensos. Ao contrário, quando a situação considerada é positiva o efeito é outro: serotonina e endorfina o que nos estimula, nos dá saúde e bem-estar.  Em tempo: podemos refletir sobre o que quisermos. O que pega é quando permanecemos em modo de repetição inclusive em situações absolutamente desnecessárias.
Lembre-se dos cinco Kleshas, expostos também nos sutras de Patanjali considerados os causadores do sofrimento, principalmente dois deles: Raga, o Apego e Dvesha, a Aversão. Quando conceituamos ou damos um significado fanático ou extremado a um pensamento nosso corpo e todo nosso Ser sofrerá efeito devastador todo vez que tal tema for abordado. O  cara diz: ah, eu odeio tal....Dançou e é na hora!
O Conceito e o Significado é que determina o Poder de um pensamento. É isto que provoca efeitos por vezes profundo em nós – nossos campos e corpos – e por vezes, o contrário: Quando procuramos significado positivo nas situações – e isto é treino, prática constante - sentimos que são derramadas bênçãos por todo nosso ser. Podemos sim escolher como e com o que regamos nosso jardim interior e as flores e frutos decorrentes disto serem cultivadas de maneira Consciente. Afinal, Yoga é Consciência!
Namastê.
Phelippe Pranaom Shan
Professor de Yoga, Relaxamento, Meditação
  lothusganesha@gmail.com




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