18.9.20

Yoga fora do Tapetinho  

O Yoga Clássico codificado nos Yoga Sutra de Patanjali o descrevem como um corpo no qual é dividido em oito partes, a saber: Yamas, Nyamas, Asana, Pranayama, Pratyahara, Dharana, Dhyana e Samadi. Tradicionalmente, é praticado durante em um horário do dia.

O que o aluno percebe logo de cara é que esta ação não se restringe à vivência apenas no tapetinho. É algo para ser inserido no dia-a-dia, é uma filosofia de vida.
É um tesouro no qual  o praticante sente intuitivamente a vontade de ampliar em todos os seus corpos e campos e não apenas no físico, mas também no emocional, no mental, no energético e em suas práticas espirituais, seja ela qual for. O Yoga é uma ferramenta  para aprofundar sua interiorização e ação na sociedade de uma maneira mais espiritual e assertiva.Todos temos nosso próprio Shadana ( senda), o modo como vamos realizar o caminho espiritual que escolhemos.
Voltemos ao Yoga clássico no qual destaca suas oito partes e vamos destacar o Estado de Dharana - a concentração.
Dharana - a concentração
Há diversas técnicas que são utilizadas durante uma prática do Yoga. A princípio, exercita-se o estado de atenção e a seguir concentração – fixação em um ponto - em um determinado objeto. Vai-se acostumando e desenvolvendo a habilidade da mente em concentrar-se, a seguir observe e coloque o foco na respiração, depois em seu corpo. E vai cada vez mais sutilizando este estado de atenção fixa. Concentre-se em suas sensações, em seus pensamentos. Com isto a mente vai diminuindo o ritmo e fluxo dos pensamentos e então, desidentificando-se dos pensamentos você vai percebendo e sentindo seu ser de um modo mais profundo.
Faz-se isto durante a aula e depois, nós, ocidentais vamos às relações sociais, profissionais e familiares. Para muito aí há um CORTE. Absolutamente, não é o caso. Podemos exercitar, de maneira mais branda, a concentração em vários momentos do dia-a-dia. Numa fila de ônibus ou de banco ou aeroporto. Em uma espera a uma consulta e conforme vamos acostumando a mente a este processo de se concentrar por conta da Vontade, vamos aprofundando esta relação e introduzindo a concentração ... na AÇÃO. Lembre-se o que precede a concentração é o estado de Atenção.
Quando estamos bebendo um chá, não pense em outra coisa. Coloque o foco no chá. Beba-o  colocando todo o seu ser no ato realizado. Sinta o aroma, o gosto, a sensação que provoca quando bebe. Aprecie. Observe o estado mental .Esteja ali: Presente.
Se estiver em uma reunião, observe tudo ao redor e principalmente seu interior como ele reage à situação. Com a prática você deixa de ser regente e passa a ser agente de sua vida focando naquilo que te traz Paz e Luz.
Yoga e Dança
Pode-se inserir isto em todas as áreas da vida. Andando, passeando, dançando, cantando. Aliás, sabemos que existe uma ligação do Yoga com a Dança. Nesta belíssima e deliciosa arte, exercita-se o estado de Dharana quanto mais presente , atento e concentrado estiver – o que naturalmente as pessoas do ramo o fazem. Colocam-se por inteira no ato realizado com a atenção e concentração e na sensação do que é realizado. O movimento e a energia flui de modo mais intenso e gracioso. Concentração não é um botão que se aperta e pronto, está concentrado. É algo que é desenvolvido aos poucos. É como um músculo. Conforme vamos praticando abre-se um enorme campo de possibilidades e profundidade. Dharana é enorme e extenso.
Tradicionalistas no Yoga, aqueles que pensam que moram num asham, mas vivem no ocidente, dirão que dança não é Yoga. A princípio, é óbvio que não é, do ponto de vista do Yoga Clássico. Mas é uma arte, e muito bacana, em que a pessoa exercita aspectos do Yoga – a atenção e a concentração. Isto também é Prática. Está se utilizando de uma ferramenta do Yoga e a desenvolvendo. E mais: e aquela pessoa que dança com devoção, sincronizando-se com seu ser e seu sagrado? Ela está sim, fazendo Yoga.   A proposta não é inserir o Yoga na vida? Então deixemos a caretice e o conservadorismo de lado e de considerar que o Yoga pode ser apenas executado quando enfurnado num templo e afastado do mundo. O mundo medieval foi-se, vivemos agora na Nova Era.
Por fim, Se você estiver em um escritório, ou cozinhando, ou na natureza ou em meio a outro tipo de ação social e estiver realizando isto com atenção, percepção no momento presente, observação no seu interior estará praticando yoga. Estará desenvolvendo paulatinamente o estado de Dharana – concentração.
E mais, se a prática estiver temperada com amor e paz estará exercitando o abrir as portas da percepção para realizar o objetivo maior do Yoga que é o encontro, a União, com sua alma, sua centelha divina e também com a consciência cósmica, ou Deus.
O Karma yoga aborda bem esta questão.  Yoga é o quão habilidosamente agimos em qualquer situação. É habilidade na ação.
Quando se desenvolve a habilidade em manter-se concentrado em diversas situações você estará praticando o Yoga. Isto requer vivência e prática. Não basta vivenciar isto apenas no tapetinho e depois trocar de sintonia e vivenciar outros lances
Quando a gente exercita de maneira consciente o retorno ao nosso estado de paz e percepção interna, nossa harmonia e/ou o que estamos sentindo  com aquela experiência estamos praticando Yoga.
Procure envolver-se completamente naquilo que você está realizando.
Phelippe Pranaom Shan
Professor de Yoga, Relaxamento, Meditação
  lothusganesha@gmail.com




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